
Em 2 de agosto de 1989, o Brasil perdia Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião — um dos maiores ícones da música popular brasileira e símbolo incontestável da cultura nordestina. Natural do município de Exu, no sertão de Pernambuco, Gonzaga foi muito mais do que um cantor: foi cronista do povo nordestino, porta-voz das agruras e alegrias do sertão, e embaixador da sanfona, do xote, do xaxado e do baião para o restante do país.
Vestido com seu característico gibão de couro e chapéu de vaqueiro, Luiz Gonzaga encantou o Brasil com músicas que retratavam com autenticidade e sensibilidade a vida no Nordeste. Clássicos como “Asa Branca”, “Respeita Januário”, “A Vida do Viajante” e “Qui Nem Giló” tornaram-se parte do imaginário coletivo nacional e ainda hoje são reverenciados por todas as gerações.
Ao longo de uma carreira marcada pela originalidade e pela força cultural, Luiz Gonzaga gravou mais de 40 discos e consolidou sua imagem como símbolo da resistência cultural nordestina. Sua música abordava temas profundos e universais: a seca, a migração, a saudade, a esperança e a fé — dando voz a milhões de brasileiros invisibilizados pelas elites culturais da época.
Luiz foi inspiração direta para grandes nomes da música brasileira, como Dominguinhos, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elba Ramalho e Fagner, entre tantos outros. Sua influência permanece viva nos palcos, nos festejos juninos e na memória afetiva de um país inteiro.
Aos 76 anos, Luiz Gonzaga faleceu vítima de uma parada cardiorrespiratória, em Recife. Mas seu legado não morreu. Pelo contrário: a força de sua arte continua ressoando nas sanfonas, nos forrós e nas vozes que seguem cantando o sertão com orgulho e verdade.
Luiz Gonzaga vive. E enquanto houver Nordeste, haverá baião.
(Redação com blog sem rodeio.com)
( fotos do acervo pessoal do jornalista Ubiratan Cirne)